Grandes livros que desaparecem das livrarias cedo demais, ou estão lá caídos entre as prateleiras, ou fora do lugar certo, porque a mídia não deu atenção.
Grandes livros de autores que, por anticomerciais ou irascíveis, recusam convites e entrevistas, saem de circulação, recolhem-se.
Grandes livros, aqui: http://livrosquevoceprecisaler.wordpress.com/
O blog existe há quatro anos, com atualizações frequentes –para meu estupor, que só o descobri agora.
As rodas literárias de três ou quatro capitais brasileiras discutem há dias se fulano ou beltrano entrou bem ou deveria entrar na seleção da Granta, enquanto um artista inominável como o paraibano radicado em Goiás Walter P.Peixoto conquistava o prestigioso troféu Álvaro Mutis durante a FAMA – Feira Artística de Manizales, na categoria 2000 (um livro para cada ano da década passada) com seu estupendo “E Eu ali, Todo Quieto”.
O leitor leu a notícia nos jornais? Ao menos em algum blog especializado? Pior, muito pior: conhece Walter P.Peixoto?
Só o blog Livros que Você Precisa Ler trata em língua portuguesa de autores imprescindíveis como Figueroa Salcedo (“Alguma coisa diferente narrada de uma maneira imperceptível”), Mishka Benjumea, (“Morrer por um dia”) e Semih Çelozöglu (“Acidente”). E de projetos literários dessa envergadura, “33 caminhos”, de Lev Golem, vá por aqui. Tente procurar numa livraria física ou virtual. Até no exterior vai ser difícil.
***
Confesso que demorei uns dois, três minutos procurando reconhecer algum nome. Antes de entrar em pânico, a pista, numa das editoras: Maipú.
Maipú, como o leitor se lembra, é o nome da rua de Borges, um dos caras que mais gostariam de fazer uma brincadeira como essa, criar um blog com autores e livros imaginários, imaginários os tradutores e as editoras.
Acho que Berna Brayner, @bernabrayner, o cara que faz o blog sediado em Recife, devia, ele sim, levar algum prêmio, entrar em alguma antologia, ou, ainda melhor, publicar isso em livro.
Brayner me diz que faz paródia com títulos como “500 livros para ler antes de morrer”. Já foi procurado por assessorias de imprensa reais para que conhecesse livro a resenhar. Os nomes citados são todos fictícios, afora o de um ou outro amigo que identifica como tradutor. Quem faz as capas, amigos que trabalham com design. Perguntei por que inventa tantos nomes de idiomas do Leste Europeu: isso é preferência de Brayner, de verdade. Ah! Brayner também é de verdade.
Seu blog é ao mesmo tempo uma grande gozação com a ignorância e o intelectualismo: a mídia e o mercado editorial, os enredos tão imaginativos quanto vazios, a linguagem dos releases, resenhas e sites sobre livros, os mesmos adjetivos estrondosos e interpretações forçadas; mas também o gosto e a atitude idiossincráticos de autores e leitores cada vez mais imersos no mundo dos livros, esse estado de quase (ou total) alienação da vida real que faz com que passem por esquisitos ou simplesmente chatos, a esquisitice muito mais charmosa do que a chatice, é claro (para quem não gosta ou não está muito dentro do mundo dos livros, qualquer coisa desconhecida é chata ou esquisita).
Entre nós: repare nos enredos; melhores do que muita coisa que você lê por aí.
***
Tive dúvida em fazer o post, estragar a brincadeira. Só que mais leitores deviam (ou mereciam, fica mais lisonjeiro dizer assim) conhecer o Livros que Você Precisa Ler, vá por aqui.
***
Por onde anda Clarice? No Manual Prático de Bons Modos em Livrarias, vá por aqui, blog de @_hille
Ah, a Academia: a trollagem de alto impacto de escritores e intelectuais no Facebook, vá por aqui.
***
Este blog anda um pouco desatualizado esses dias por dificuldades outras, logo, logo voltará à ativa.
***
Atualização no dia 27/7 – Livros famosos que nunca existiram, uma lista de Julio Silveira com obras citadas em outras obras, ou seja, existem apenas na ficção, vá por aqui