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Livros Etc

por Josélia Aguiar

Perfil Josélia Aguiar é jornalista especializada na cobertura de livros

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Kafka, uma camiseta

Por Joselia Aguiar
05/06/12 09:36

“É Kafka, se estiver curioso”, diz a camiseta do rapaz com um Kindle na mão. 

Pesquei do mural do Manual Prático de Bons Modos em Livrarias; para visitar o site, vá por aqui. 

Conversei com a moça-livreira que inventou o Manual um tempo atrás no ex-blog, vá por aqui.

***

O blog vai passar o mês em navegação de cabotagem:  paradinhas frequentes e rápidas.

***

Outros posts do blog: Kafka, o dedetizador, vá por aqui., Um Kafka gonzo no comercial da Good Books, vá por aqui.

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Nelson responde a Clarice se é da esquerda ou da direita

Por Joselia Aguiar
04/06/12 17:28

Diz Clarice na abertura da entrevista que fez com Nelson Rodrigues, idos de 1970: “Avisei que desejava uma entrevista diferente. É um homem tão cheio de facetas que lhe pedi apenas uma, a verdade”

E lá vai a primeira pergunta, à queima-roupa: “Você é da esquerda ou direita?”.

Nelson responde: “Eu me recuso absolutamente a ser de esquerda ou de direita. Eu sou um sujeito que defende ferozmente a sua solidão. Cheguei a essa atitude diante de duas coisas, lendo dois volumes sobre a guerra civil na História. Verifiquei então o óbvio ululante: de parte a parte todos eram canalhas. Rigorosamente todos. Eu não quero ser nem canalha da esquerda nem canalha da direita”.

No post anterior, vá por aqui, Clarice pergunta a Mário sobre ser artista; em outro post mais antigo, por aqui, Clarice pergunta a Érico sobre os críticos.

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Mário responde a Clarice sobre o que faz de um homem um artista

Por Joselia Aguiar
04/06/12 11:00

Clarice fazia entrevistas com escritores, compositores, artistas plásticos quando trabalhava como jornalista __uma delas, com Erico Verissimo, já citada neste post aqui.

As perguntas são tão complicadas que desconcertariam quaisquer outros, não os seus entrevistados que, especialíssimos, respondem muito diretamente.

***

Mário Cravo tinha 46 e era uma “bela cabeça de homem”, como Clarice anota em 1970.

“O que faz de um homem um artista, Mário?” “Ser essencialmente homem, primeiro de tudo. Uma dose acima da média de sensibilidade. A capacidade de controlar e orientar em termos construtivos essa força interior. Querer transformar o mundo, interferir nele.”

***

Mário Cravo, 89, me deixou fazer (“me deixou fazer” é expressão bem apropriada) a foto acima, com iphone e técnica patafísica, durante uma entrevista bastante longa em janeiro, no seu ateliê em Salvador. O tema era os anos 50 e 60 na Bahia para um livro que estou preparando, mas ele falou de vida, morte e arte (bastava uma coisa só e já seria imenso).

Para quem não se lembra, um livraço sobre sua vida e obra, “Exu Iluminado”, saiu meses atrás, vá por aqui para ler a reportagem de Silas Martí, na Folha, já aberta a não assinantes.

 

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A TV será banal depois da guerra: capa da "Vamos Ler"

Por Joselia Aguiar
03/06/12 13:04

Depois de fazer o post anterior, sobre a nova versão de “Gabriela”, me lembrei dessa capa da revista “Vamos Ler” em 1941 que tinha guardado por aqui, parte de uma grande pesquisa que andei fazendo.

Às vezes é difícil imaginar como era o mundo antes de um montão de coisas, o rádio e a TV, por exemplo. Ainda sou do tempo da máquina de escrever, logo substituída pelo computador –para sorte minha, pois como tenho mão muito pequena, nunca consegui datilografar direito, então não teria vingado na profissão se não fosse a nova tecnologia.

Outros posts com nossos arquivos implacáveis:

Oswald e a máscara contra gases asfixiantes, vá por aqui 

Quando éramos modernos, anúncios de livros em 1944, vá por aqui

 

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A nova Gabriela, da Globo: este blog vai acompanhar

Por Joselia Aguiar
31/05/12 15:54

 

Não vai ter axé na trilha de “Gabriela”, novela do horário das dez da Globo baseada na obra de mesmo nome de Jorge Amado que estreia no próximo dia 19, informa a coluna de Keila Jimenez na Folha, vá por aqui.

Seria óbvio, já que a trama original se desenrola no começo do século 20, mas alguma ideia de usar música atual poderia passar pela cabeça dos realizadores –esse blog dá graças a Deus que eles preferiram se manter conservadores.

Faz tempo que escuto a trilha original de “Gabriela”, a novela da década de 1970 (não é trilha de Ilhéus da época do livro!), e diria sem hesitar que está entre os 50 cds que levaria para o espaço sideral, se tivesse de escolher apenas 50.

Este post é para dizer que, por uma variedade de razões que não vem ao caso agora, este blog acompanhará a novela e será rigoroso no julgamento, mas capaz de gostar bastante, se merecer.

***

Juliana Paes, atriz escolhida para ser a nova Gabriela, visitou o acervo do escritor no Pelourinho semana passada, acompanhada do repórter Mauricio Kubrusly: sentou na mesa da poeta Myriam Fraga, diretora da casa, na imagem que abre o post; depois viu o datiloscrito do livro, guardado no acervo, segunda imagem; assinou no livro de visitantes e, por fim, viu a memorabilia gabrielística, na terceira e quarta imagens.

Pesquei as fotos da página oficial da Fundação Casa de Jorge Amado no Facebook, vá por aqui.

***

Como brinde de pé de post, deixo essa “Suíte Gabriela” com André Mehmari e Ná Ozetti, no “Piano e Voz”, esse grande disco que todos deveriam ter em casa (outro dos 50 da lista acima, claro!).

 


 

***

Vá por aqui, para escutar no youtube a versão original da música, com Jobim e seu afinadíssimo coro feminino 

***

Outros posts do blog: por aqui, a memorabilia da biografia de Getúlio, por aqui, a exposição dedicada a Jorge Amado no Museu da Língua Portuguesa.

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Aquiles e a guerra de Tróia: estreante vence Orange Prize com romance histórico

Por Joselia Aguiar
30/05/12 16:04

 

 

 

A estreante Madeline Miller venceu o Orange Prize, prêmio britânico para autoras que escrevem em língua inglesa, deu agora o “Guardian”, vá por aqui. É a quarta americana consecutiva. Bateu veteranas que pareciam ter mais vantagem, como Cynthia Ozick, Ann Patchett e Anne Enright, como contei neste post.

Seu “A canção de Aquiles” é uma história da guerra de Tróia, conflito entre gregos e troianos no século 2  a.C. tratado desde a “Ilíada”, de Homero. A capa me faz pensar em best-seller histórico. O que será que tem de “inventivo e original”, como disse o júri, para levar o prêmio? A ver.

A obra sai no Brasil pelo grupo Pensamento, informou Maria Fernanda Rodrigues no Estadão semanas atrás _vá por aqui  para ver também editoras brasileiras de outros finalistas.

Este é o trailer.


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O barco de Hemingway, a cartografia do tempo e as receitinhas dos escritores

Por Joselia Aguiar
27/05/12 12:31

Flavorwire, vá por aqui caso não se lembre (!) do que se trata, era talvez o site mais citado e recomendado nos posts do antigo blog. 

Costumo ser fiel às preferências, mas as tais listas de dez autores que isso,os dez livros que aquilo, deixaram de ser inesperadas, perderam um pouco a graça. Como fazem isso aos montes, às vezes o resultado sai um pouco forçado.

O meu favorito do ano, e acho que por muito tempo, é o Brain Pickings, vá por aqui caso não se lembre (!), e só não cito e recomendo mais o site da Maria Popova porque este novo blog tem um formato um pouco diferente do outro, que reunia mais curiosidades, miscelâneas e  insignificâncias importantes.

Quando navego por sites como Flavorwire e Brain Pickings me comporto como aquele típico comprador da era digital, de perdas que parecem invisíveis mas produzem somas acachapantes. Em meia hora baixei dois livros pelo Kindle e encomendei um terceiro, vai ter de vir impresso pois não há sua versão em e-book. E quer saber? Acho que, dos três, era mesmo o que precisava ter numa edição tradicional.

A primeira aquisição do dia é esse da imagem acima, pois adoro Hemingway e barco (a metáfora!). Já queria comprar o livro desde o ano passado, e hoje, ao visitar a Flavorwire, me bati com ele nessa lista de dez livros ‘do momento’ para ler na praia (vai começar o verão lá em cima), e agora acho que Paul Hendrickson, o autor, vai me ajudar muito mais do que pensava, mas isso é outra história, para contar ao leitor daqui a dois meses.

O que tive de encomendar –e vejo que será bem melhor tê-lo em mãos que possam folheá-lo à antiga — é este aí do lado direito.

“Cartografias do Tempo“, de Daniel Rosenberg e Anthony Grafton, conta a história da representação gráfica que o Ocidente faz da passagem do tempo desde o século 15. Não bastava ser incrível, é também lindo de morrer.

A obra é parte de uma lista que inclui seis outras sobre mapas, alguns bem pouco convencionais, feita pelo Brain Pickings, vá por aqui.

Baixei também este último à esquerda, “Household Tips of the Great Writers“,  com receitinhas de comidas e dicas de cuidados com a casa e o jardim dados por escritores.

Não é tão bacana quanto pensei; parte da minha decepção é ver que o autor, Marc Crick, que fez outras coisas no gênero, bolou a coisa toda baseado no que imaginou para Virginia Woolf, Kafka, García Márquez, Steinbeck etc, e eu esperava que as receitas fossem mesmo dos caras, encontradas depois de  algum tipo de pesquisa biográfica. 

Para quem gosta de livro de receita com essa graça literária, é claro que o livro é divertido. 

Aqui vai o frango vietnamita à la Graham Greene (que andou por lá e outras bandas), tradução minha com algum risco de barbeiragem vocabular-gastronômica.

Os ingredientes são meia colher de chá de raspas de limão, três dentes de alho, duas colheres de sopa de molho de peixe (cozinheiros, molho feito em casa ou algo que se compra pronto?), uma colher de sopa de oleo de soja, uma colher de sopa de pimenta preta muito cortadinha, uma pitada de pimenta caiena, dois peitos de frango desossados, duas colheres de sopa de xerez, duas colheres de sopa de suco de limão, duas colheres de sopa de oleo de amendoim, uma colher de chá de melaço.

Uma receita não tem começo nem fim, diz o autor (concordo entusiasticamente, e também não levo muito à risca essas proporções, que podem e devem ser mudadas).

A única coisa de que o leitor precisa saber, para o post não se alongar muito, é que o xerez deve ser colocado no finzinho, quando o prato já estiver praticamente pronto no fogo.

***

Sobre Livros de Humanas, bibliotecas digitais, compartilhamento x pirataria: o blog vai voltar em breve ao tema, tratado no post do último domingo.

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Getulinhos, selos, canecas e marchinhas: Lira Neto conta as pesquisas laterais para fazer uma biografia

Por Joselia Aguiar
22/05/12 23:48

O escritor turco Orhan Pamuk recolheu uma quantidade impressionante de objetos enquanto escrevia o romance “O Museu da Inocência”, nome que batiza agora o museu recém-inaugurado em Istambul com toda essa tralha — tratei disso nesse post aqui. 

Um pouco como Pamuk, o jornalista Lira Neto também reuniu vasta memorabilia (imagens acima e abaixo)  para escrever sua biografia  de Getúlio Vargas, trilogia cujo primeiro volume chega agora às livrarias.

Não foram apenas canecas, selos, bonequinhos o que encontrou. Nas suas pesquisas laterais, vamos chamar assim (para diferenciá-la daquelas que são as mais essenciais e previsíveis, como as de cartas, discursos e obras sobre o político), localizou até sambas e marchinhas relacionadas ao personagem e à época, que coincide com a do surgimento do rádio e de cantores e compositores populares. A trilha musical da biografia começou a tocar em sua Rádio Catete, vá por aqui para escutar a canção mais recente no ar.

Lira Neto conta ao blog como fez para encontrar músicas e objetos que o ajudaram a construir sua narrativa.

Para quem está em São Paulo: é nesta quarta, 23/5, às 19h30, o lançamento do livro na Livraria da Vila, a filial da Fradique Coutinho, onde o autor conversará também sobre biografias com Fernando Morais, autor de, entre outros, “Chatô”, “O Mago” e “Olga”.

Vá por aqui para ler textos sobre “Getúlio” que saíram na Folha, e vá por aqui, até o site oficial, para ler o que publicaram outros jornais e revistas.

Sua Rádio Catete está no ar. Pode contar que pesquisa musical você fez? “A pesquisa para a realização de uma biografia exige o garimpo em uma multiplicidade caleidoscópica de fontes. Costumo ficar atento a tudo o que possa, de um modo ou de outro, conduzir a narrativa e o leitor para os cenários de época. Isso exige, por exemplo, um delicioso garimpo pela música do período retratado. No caso de Getúlio, tal recurso ganha ainda maior relevância justamente pelo fato de que o biografado chegou ao poder exatamente no momento em que o rádio começava a se afirmar como um grande veículo de comunicação de massas. Neste momento, para a realização do volume 1, concentrei-me nas marchinhas e sambas do final da chamada Primeira República e naquelas que tematizam a Revolução de 30 e os anos iniciais do getulismo. Difícil dizer quantas músicas ao certo ouvi. Foram dezenas, talvez centenas.”

 
Onde encontrou as marchinhas e os sambas? Em sebos, na internet, com especialistas? “Os sebos sempre são uma mina de ouro para qualquer biógrafo. Mas, hoje, a busca por raridades musicais e bibliográficas está ao alcance de um clique no mouse. Há inúmeros ‘sebos virtuais’, nos quais se pode adquirir velhos bolachões de cera. Compro esse material e transfiro todo o conteúdo para o suporte digital. Ouço depois no próprio computador de trabalho. Cheguei a escrever alguns trechos do livro ao som das marchinhas de Lamartine Babo, Eduardo Souto ou Freire Júnior, verdadeiros cronistas musicais daquele tempo.  Sempre conto com a ajuda inestimável de um amigo que sabe tudo sobre música popular brasileira,  Thiago Mello (http://bossa-brasileira.blogspot.com.br/), que desde a biografia de Maysa me ajuda a garimpar tesouros sonoros e, mais do que isso, em certos casos, realiza um meticuloso trabalho de restauração das faixas originais”.
 

Getúlio gostava de música? Tocava alguma coisa? “Getúlio não tinha propriamente habilidades artísticas. Mas adorava viver cercado de intelectuais e, também, de artistas populares. Adorava, em especial, os espetáculos de teatro de revista. Ainda em Porto Alegre, desde jovem, era assíduo frequentador do Clube dos Caçadores, um célebre cabaré chique da capital gaúcha, que de “clube” tinha apenas o nome; e de “caçadores”, apenas a metáfora.”   

O que Getúlio gostava de ler? Gostava também de cinema? De esportes? “Na juventude, nos tempos da faculdade de direito, Getúlio leu muita literatura e alguma filosofia. Era então um leitor compulsivo de Nietzsche, Darwin, Spencer. Também era um entusiasta de Émile Zola. Curiosamente, o homem que mais tarde, no exercício do poder, utilizará a Igreja como instrumento político, era quando moço um anticlerical ferrenho, alguém que acusava o cristianismo de ter representado um atraso à evolução cultural da humanidade. Aos domingos, sempre levava a família ao cinema, para ver os lançamentos da tela. Nos esportes, gostava de jogar golfe. E não dispensava prosaicas partidas de pingue-pongue com a mulher Darcy, nos intervalos do expediente de despachos. ” 
 
 
 
 
Imagino que teve de pesquisar também mapas de lugares, mobiliário, roupas, acessórios.  “Sempre procuro fazer um trabalho de imersão nos cenários em que meus biografados viveram. Estive em São Borja, visitei a casa onde ele morou, fui à estância onde se ‘auto-exilou’ após a derrubada do poder em 1945. Passeei pelas ruas de Ouro Preto, onde Getúlio estudou, e percorri seus caminhos em Porto Alegre, onde viveu por muitos anos. No Rio, também procurei refazer seus trajetos entre os palácios do Catete e o Guanabara. Também colecionei estatuetas, selos, moedas, cartazes, impressos, toda uma memorabilia getuliana, que agora decora meu escritório de trabalho. Os leitores perceberão no livro o cuidado na descrição de móveis, roupas, casas, ruas, enfim, da atmosfera visual da época. É uma forma de convidá-lo à cena.”   
 
O  Museu da República, no Palácio do Catete, tem a carta-testamento e até o revólver com que Getúlio se matou. De que modo aquele lugar representa o Getúlio de seu livro ou está em desacordo com o personagem que encontrou? “O Palácio do Catete guarda muito da história republicana. Sempre que estou entre aquelas paredes me vem um certo arrepio, uma excitação explícita, por estar pisando o cenário que mudou a história republicana brasileira. Quando Getúlio voltou contra o próprio peito o cano do Colt de cabo de madrepérola estava deixando de ser um mortal para se tornar um mito. Foi o gesto extremo que o eternizou na memória coletiva. Aquele lugar me mobiliza tanto que o lançamento no Rio de Janeiro será lá, no próprio Catete.”
 
 
Da Rádio Catete para Livros Etc
 
Como brinde de pé de post, Lira Neto cedeu ao blog duas músicas vindas de sua Rádio Catete.
 
Uma é a marchinha “Seu Julinho vem”, de Freire Júnior, na voz de Francisco Alves.  A música se transformou em verdadeiro jingle da campanha de Júlio Prestes, o oponente de Getúlio nas eleições de 1930.
 
 
 
A outra é “Bico de Lacre não vem mais”, marchinha de Oswaldo Santiago lançada após a Revolução. “Bico de lacre” era o apelido de Júlio Prestes. O narigão vermelho  o fazia parecer o passarinho de mesmo nome.
 
 
 
  
 
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Livro impresso, PDF, legal ou ilegal? livrosdehumanas.org se defende

Por Joselia Aguiar
21/05/12 00:09

 

Autores, professores e estudantes se manifestam em favor do livrosdehumanas.org em redes sociais desde a última quinta-feira –no Twitter, tem sido usada a tag #freelivrosdehumanas. 

O site, por onde se podia baixar gratuitamente um número aproximado de 2.300 livros, saiu do ar depois de ser notificado pela justiça.

À frente da ação está a ABDR – Associação Brasileira de Direitos Reprográficos, que responsabiliza o site por uma das maiores ações de pirataria já ocorridas no país,  prejuízo estimado em R$ 200 milhões.

Essa é a terceira vez que o livrosdehumanas.org tem de sair do ar. Um ano atrás, foi suspenso pelo wordpress, que então o hospedava —vá por aqui para ler a esse respeito no caderno “Prosa e Verso”, do Globo.

Quando estreou, em 2009, o site funcionava no blogspot, até o dia em que o Google lhes avisou que o conteúdo indexado era protegido pela lei americana. Por precaução, os organizadores o tiraram do ar. O endereço ainda está ativo, vá por aqui.

Thiago, moderador do livrosdehumanas.org, aceitou conversar com o blog esta noite, respostas por e-mail.

A medida da ABDR surpreendeu? “Um pouco. Apesar de algumas ameaças da ABDR, nunca imaginei que editoras que publicam livros utilizados basicamente por universitários adotariam estas medidas. Pela movimentação das redes sociais podemos verificar que a perda de credibilidade delas perante o público que consome livros foi imensa. E quem baixava no livrosdehumanas.org é basicamente o mercado consumidor destas editoras. Há muitos depoimentos de estudantes no Twitter ou na nossa página no Facebook que diziam conhecer as obras pelo site e depois compravam o exemplar físico. O PDF não substitui o livro impresso.”

Na entrevista ao “Globo” há um ano você concordava que o blog desrespeitava a legislação vigente. Mudou de ideia? “Depois disso estudei mais a questão e não mantenho esta declaração. Inexiste no judiciário brasileiro condenação por compartilhamento gratuito de livros. O que existe – e são poucas – são decisões contra comércios e prestadores de serviços reprográficos (as xeroxs) dada sua natureza comercial.”

Como espera se defender da ação judicial? “Estou em contato com advogados para traçar a estratégia de defesa. Não posso falar muito sobre isto neste momento.”

Pode contar como surgiu a ideia do site? “Sou estudante, recém-formado e me preparando para o mestrado da Letras-USP. Em 2009 a xerox do curso  –ilegal para a ABDR, mas sem a qual ninguém consegue estudar na USP ou em qualquer outra universidade brasileira– aumentou o valor da página fotocopiada para R$ 0,15, acréscimo de 50%. Isto motivou um grupo de estudantes a compartilhar o conteúdo de suas disciplinas em sites como 4shared e mediafire. O blog funcionava como um indexador destes links.”

Como o site cresceu e se manteve até agora? “Com o aumento das visitas para além do público da Letras-USP mudamos o endereço. O site já foi retirado duas vezes do ar anteriormente, quando estava hospedado no blogspot e no wordpress. Para mantê-lo no ar, registramos um domínio no exterior e hospedamos o site num provedor estrangeiro. O acesso a todo e qualquer texto era gratuito. Para manter o site no ar arrecadávamos doações voluntárias para pagar o servidor de hospedagem. As atualizações dependiam do envio de links por parte dos usuários, sejam links de coisas que os usuários escanearam ou que encontravam pela net. Nem toda postagem era de livro escaneado na íntegra. E boa parte dos escaneados na íntegra eram livros esgotados. Além disso indexávamos artigos de revistas acadêmicas, livros em domínio público ou apenas capítulos de obras.”

Pode nos dar números de visitas/downloads? O que era mais procurado? “Não tenho o número de downloads porque boa parte dos links estavam hospedados em contas diversas neste sites de compartilhamento. E como os links ‘caiam’ com regularidade, esta contabilidade ficava prejudicada. O número médio de visitantes únicos diários estava na casa dos 3.500.  O público majoritariamente era de estudantes universitários do país inteiro (mas também do exterior) que encontravam no site o conteúdo para seus estudos. Muitos escreviam para o site falando que nas bibliotecas de suas universidades não encontravam a quantidade de títulos que indexávamos no livrosdehumanas.org. Os maiores pedidos eram livros de filosofia e dos mais diversos campos das ciências humanas.”

Chega a 2.300 a quantidade de livros para download? “Provavelmente o número de arquivos é este, um pouco mais ou um pouco menos. Mas ressalto que nem todas as obras são possíveis de processo pela ABDR. Tem título em domínio público, artigos acadêmicos publicados nas mais diversas revistas, livros em língua estrangeira, livros que estão esgotados (e portanto sem contrato com as editoras brasileiras), livros publicados apenas em Portugal, livros de editoras universitárias que disponibilizam ebooks gratuitos (como os da cultura acadêmica da Unesp ou do repositório de livros da UFBa), livros de editoras que não são filiadas à ABDR, livros com autorização dos autores. É tudo mais complexo do que a gritaria da ABDR faz parecer.”

Em defesa do projeto, vi autores e professores no twitter dizendo que suas obras se tornam mais conhecidas com a ajuda do livrosdehumanas; e que, com essa divulgação, vendem mais livros. Quer comentar a respeito? “Acho que os comentários são auto-explicativos.”

Ao mesmo tempo, há editores e autores que se sentem prejudicados com downloads gratuitos. Quer comentar a respeito? “Não vi nenhuma manifestação neste sentido. E não conheço estudo sério e independente que confirme que a cópia digital de livros (ainda mais na área dos livros utilizados nas universidades) prejudique as vendas. Como aponta este estudo do gpopai, são questionáveis os números e a metodologia destas pesquisas, vá por aqui. E aos que acreditam que o compartilhamento é prejudicial aos autores, eu deixo como resposta um depoimento de Neil Gaiman, um grande autor e vendedor de livros, quando provocado a respeito do tema na entrevista que precedeu sua participação na Flip, vá por aqui.”

***

Eduardo Viveiros de Castro, Idelber Avelar e outros pesquisadores saem em defesa do livrosdehumanas.org  Vá por aqui, até o Opinião & Notícia, para ler mais 

***

ATUALIZAÇÃO ÀS 15h45 – A editora Cultura e Barbárie publica em seu site carta pública à ABDR, que cita na documentação três títulos seus, afirmando que não se considera representada pela instituição, vá por aqui para ler a íntegra

ATUALIZAÇÃO ÀS 23h – Neil Gaiman, ele mesmo, também saiu em defesa do site, acabei de ver agora no Twitter, de onde reproduzo:

 ‏@neilhimself Standing up for #FreeLivrosdeHumanas.

A discussão é grande nos comentários abaixo, recomendo ao leitor também ler as opiniões contrárias; o blog vai voltar ao tema.

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Beckett, Perec e Schulz: gênios reeditados, leituras indispensáveis

Por Joselia Aguiar
18/05/12 11:20

Tantas obras novas nas lojas, e às vezes a reedição de autores geniais, ou até a primeira edição brasileira de alguns dos seus títulos, passa despercebida. 

O post é para lembrar do que importa: chegaram às livrarias nas últimas e nesta semana três títulos de escritores imprescindíveis.

De Samuel Beckett (1906-1989), saiu “Companhia & outros textos”, que traz ao leitor brasileiro pela primeira vez escritos importantes da fase final do autor irlandês, Nobel de Literatura em 1969, consagrado por sua abordagem radical do absurdo da existência.  Estão aí a novela “Companhia”, o texto mais longo “Pra frente o pior” e outros mais curtos,  “Sobressaltos”, “O caminho”, “Teto” e “Ouvido no escuro I e II”. 

Casa editorial que edita esse “Companhia”, a Globo Livros relançou nos últimos anos “Molloy” e “O inominável”.  Chegaram pela Cosac Naify “Esperando Godot”, “Dias felizes”, “Fim de Partida”,”Primeiro amor” e “Proust”. Beckett escreveu peças, novelas, poesia, textos híbridos que combinam vários gêneros. Acabei de rever a  lista de suas obras: lemos os títulos mais famosos, há muito mais que não conhecemos ainda por tradução brasileira.

 

“Vida, modo de usar”, obra-prima do inventivo Georges Perec (1936-1982), teve edição por aqui em 1991. Esgotado fazia um tempinho, custava pequena fortuna nos sebos. Demorou um tanto, duas décadas, e agora já temos edição de bolso do título, que saiu em 2010.

Pouco depois veio “A Arte e a maneira de abordar seu chefe para pedir um aumento” –não se engane com o título, leitor, é um bem-humorado livro de anti-ajuda– e agora esse delicioso “As coisas”, que acaba de sair, sobre os jovens da França da década de 1960. A obra escrita foi quando era ainda estreante o autor francês, filho de judeus poloneses, morto prematuramente.  As três obras têm edição da Companhia das Letras.

 

Beckett é nome conhecido, mesmo para quem não o leu ou viu peça encenada; Perec é cultuado por leitores que leem assiduamente. Bruno Schulz (1892-1942), também imperdível, é  muita vez desconhecido mesmo entre os assíduos.

Sua Ficção completa chega esta semana pela Cosac Naify. Em volume único, reúnem-se os de contos “Lojas de canela” e “Sanatório” –esgotados fazia tempo no Brasil–, outros quatro contos inéditos em português e onze ilustrações do autor, que produzia também como pintor e professor de arte. Judeu polonês morto por um oficial nazista, escreveu um romance que se perdeu. Por décadas, gente tem se esforçado para localizar obras suas extraviadas durante a guerra.

A edição inclui trechos sobre Schulz do diário do amigo Witold Gombrowicz, escritor também polonês que se exilou na Argentina –títulos de Gombrowicz têm sido publicados pela Companhia das Letras.

ATUALIZAÇÃO às 20h45 de 21/5 – Leitor me corrige – os livros do Schulz que saíram aqui pela Imago não estão esgotados. Concluo então que, marotamente, Ferreirinha cobrava uma fortuna no sebo por obras em catálogo!

 
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