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Livros Etc

por Josélia Aguiar

Perfil Josélia Aguiar é jornalista especializada na cobertura de livros

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Ficção brasileira lá fora: Litro e Lettrétage

Por Joselia Aguiar
10/07/12 07:03

 

Um intervalo nos posts sobre a Flip 10 para lembrar aqui: dias antes do anúncio da britânica Granta só de brasileiros, um total de 20 autores com menos de 40 anos, saiu um número especial da também britânica Litro com 10 autores do país, vá por aqui para ler na íntegra, e houve o anúncio de uma antologia alemã da Lettrétage com 28 brasileiros, a circular na Feira de Frankfurt em 2013, que homenageia o Brasil.

O blog, assim como fez quando registrou a notícia da Granta, vá por aqui, não vai publicar lista de nomes.

(Quem discute por que entrou o nome X ou Z faz exatamente aquilo que parece criticar, ou seja,  escolhas feitas pelo nome X ou Z, e não pelos textos, com o agravante de que não temos como ler os textos concorrentes que não entraram.)

A seleção dos autores, tanto na Litro quanto na Lettrétage, é de cada editor responsável, um pouco diferente do que ocorreu na Granta, que montou um júri. As três publicações, vale lembrar também, saem com apoio do programa de incentivo à tradução da Fundação Biblioteca Nacional/Ministério da Cultura.

Ficção brasileira lá fora, outros posts dessa série no blog: O Salão do Livro de Paris, vá por aqui, João Almino em inglês e italiano, vá por aqui, João Paulo Cuenca no Extremo Oriente, vá por aqui

 

 

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Flip 10: Adonis hoje, Vila-Matas e Cercas, amanhã, Zambra na quarta

Por Joselia Aguiar
09/07/12 11:56

O blog também é serviço. Uma listinha de quem fala onde e quando, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Em São Paulo

Adonis – hoje, 9/7, num encontro com Milton Hatoum e Michel Sleiman, seu tradutor, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, às 17h

Enrique Vila-Matas  – terça, 10/7, sabatina da Folha, ao meio dia, no auditório do MAM-SP. No mesmo dia, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, às 19h30

Dulce Maria Cardoso e José Luis Peixoto –terça, 10/7,  com Luiz Ruffato, Livraria da Vila da Fradique Coutinho, 19h30

Javier Cercas – terça, 10/7,  com Joca Reiners Terron, Livraria da Vila da Alameda Lorena, 19h30

Alejandro Zambra – quarta, 11/7, Livraria da Vila do Shopping Higienópolis, 19h30

Amin Maalouf – quarta, 11/7, Livraria da Vila da Fradique Coutinho, 19h30

José Luis Peixoto – quarta, 11/7, com Andréa Del Fuego, no b_arco, às 20h

John Freeman (Granta) – quinta, 12/7, Livraria da Vila da Lorena, 19h30

Teju Cole e Suketu Mehta  – quinta, 12/7, Livraria da Vila do Shoping Pátio Higienópolis, 19h30

 

No Rio de Janeiro

Javier Cercas  – hoje, 9/7, às 19h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon

Zoe Valdes – hoje, 9/7, às 16h, com Paulo Scott, no Casarão dos Prazeres, em Santa Teresa

Teju Cole – amanhã, 10/7, às 19h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon

John Freeman e Paulo Roberto Pires (Granta e Serrote) – quarta, 11/7, às 20h, no Instituto Moreira Salles, Gávea

David Trueba, Dulce Maria Cardoso,  Suketu Mehta, Teju Cole – quarta, 11/7, às 11h, Espaço Criança Esperança, Morro do Cantagalo

Dulce Maria Cardoso e José Luis Peixoto  – quinta, 12/7, às 19h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon

***

Quem souber de algo mais que o blog não sabe, conta aqui.

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Flip 10 : 12 argumentos a favor de Jonathan Franzen

Por Joselia Aguiar
08/07/12 23:08

Seis horas de estrada de Paraty a São Paulo me fizeram encontrar 12 argumentos a favor de Jonathan Franzen.

(O título chamativo é só para provocar a audiência; óbvio que Franzen não precisa de argumentos a seu favor, muito menos do blog.)

Os argumentos vêm do próprio Franzen. Para quem não gostou ou não entendeu o que ele disse em sua mesa na Flip —vá por aqui–, recomendo os 12 ensaios do volume “Como ficar sozinho”, que acabou de sair e consegui ler em sua maioria durante a viagem.

Sem imaginar que Vila-Matas involuntariamente o defenderia na noite seguinte —por aqui–, Franzen deixou tudo escrito, para que não fosse preciso vê-lo, e sim lê-lo.

A todas as perguntas que lhe fizeram na última sexta-feira, o romancista já respondera muito sofisticadamente, o livro é a prova material.

A começar por aquelas quatro que, brincou o mediador, ele pediu para que não lhe fizessem:  1-quais são suas influências? 2-quando você trabalha e o que você usa para escrever? 3-você controla os personagens ou eles assumem o controle? 4-sua ficção é autobiográfica? Das quatro trata o ensaio que começa na pág. 270, “Sobre ficção autobiográfica”.

A implicância com Facebook, Twitter etc –que coloca sob o conceito de tecnoconsumismo, a teleologia da techné — é bastante bem explicada em ensaios como o incrível “A dor não nos matará” e “Só liguei para dizer que te amo”, que começam nas págs 9 e 20.

“O cérebro do meu pai”, pág . 63, é talvez o ensaio mais pungente; conta os anos em que conviveu com o sofrimento do pai com o mal de Alzheimer.  Tão bonito quanto esse, há “Mais distante”, pág. 233, em que, enquanto pensa em Robinson Crusoé, do clássico inglês de Daniel Defoe, e em David Foster Wallace, o amigo que se matou,  trata do sentido da própria literatura –é onde também  discorre melhor sobre por que entreter é qualidade, e não um defeito, para um romance, mesmo um romance de “literatura a sério”, como diz (é uma outra definição para entreter, diferente da que adquiriu por aqui).

A antologia tem focos de leveza também. Como na divertida defesa da contista Alice Munro, canadense que é pouco conhecida mas que ele considera autora enorme: encontra-se em “De onde vem essa certeza de que você mesmo não é o mal?”, último ensaio, a partir da pág. 308.

Um trechinho: “Ela não dá aos seus livros títulos grandiosos, como Pastoral Canadense, O Psicopata Canadense, Canadá Púrpuro, Canadá, Terra de Sonhos ou Complô contra o Canadá.” 

Gozação, na maior parte, com Philip Roth.

Adiante, mais sério do que engraçado: “Uma ficção melhor pode salvar o mundo? Sempre há um fiapo de esperança (coisas estranhas realmente acontecem), mas a resposta é quase certamente não. Há uma chance razoável, no entanto, de que a ficção possa salvar nossa alma.”

Pois é, leitor, Franzen, que quase passou por freak,  também pode ser edificante.

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Flip 10: Vila-Matas, malogrados e escritores que não devem ser vistos

Por Joselia Aguiar
08/07/12 10:44

Escutei ontem, o dia inteiro, gente  dizer que se frustrou com a mesa tão esperada de Jonathan Franzen. À noite, a conferência de Enrique Vila-Matas  respondeu –sem esse propósito, claro– aos que esperavam performance diferente do romancista americano: a literatura começou a desandar depois que os autores passaram a ser vistos, disse o catalão, lembrando outro autor, William Gaddis, para quem  escritores devem ser lidos, não devem ser vistos. A expectativa de vê-los e de serem vistos alterou a lógica, o andamento. Esse é um dos motes de “Música para Malogrados”, o ensaio lido ontem por Vila-Matas, que reconstituiu sua trajetória a partir do que a norteou, a leitura de outros autores e o embate entre o mercado e a arte, tendo como princípio o de “nunca trair a si mesmo”.

A mesa extra de Vila-Matas, em substituição à do francês J. M. Le Clézio, que cancelou sua vinda poucos dias antes, seguiu formato mais conhecido pelo público europeu, e não o brasileiro, acostumado a algo como o talk-show americano.  Conferência é um troço pouco usual por aqui, o que é uma pena. Desacostumada, a plateia não sabe aproveitar.

O catalão provocou risos algumas vezes e, quando a piada não funcionava, reclamava do insucesso. Um dos momentos cômicos foi a confissão –ou a invenção– de que, às vésperas do lançamento de “Ar de Dylan”, o mais recente, sua barba cresceu mais que o normal, um efeito do medo, como lhe dissera certa vez um toureiro. Com a nova obra, explicou em outro texto lido ontem, inaugura agora uma terceira fase: depois de livros em que indagou sobre a ausência de sentido e de outros em que se deteve na memória literária, sua “automitografia”, haverá outro tipo, em que procurará o que chamou de brilho autêntico.

Antes de chegar aos malogrados e ao “Ar de Dylan”, leu um texto em que homenageava Antonio Tabucchi, italiano que também escreveu em português e era leitor de Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade. Vila-Matas disse que conheceu Tabucchi no balneário espanhol onde passavam férias, nos anos 1950 –outra invenção?.  Voltaram a se reencontrar três décadas depois.  O vizinho era escritor: Tabucchi lançara “Mulher de Porto Pyn”, que, como explicou Vila-Matas, o levou a escrever “Lembranças inventadas”, título que o denuncia.

Tabucchi foi o nome mais lembrado, não o único. Entre artistas e escritores, o catalão se referiu a Beckett, Bernhard, Calvino, Walt Whitman, sobretudo Marcel Duchamp, de cuja obra “Ar de Paris” veio o título “Ar de Dylan”. Com ele, encerrou a conferência, um enigma: por que Duchamp voltou a Paraty?

É a segunda vez de Vila-Matas em Paraty. Tabucchi, várias vezes convidado, cancelou sua vinda duas vezes, a última em 2011.

***

Tem muito mais coisa para postar aqui. Por ora, deixo o endereço do blog de Enrique Vila-Matas, recomendo muito: vá por aqui. O leitor encontra lá uma prévia do “Música para Malogrados”.

 

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Flip 10: Franzen, a infelicidade, os passarinhos e os romances que entretêm

Por Joselia Aguiar
07/07/12 10:26

 

Jonathan Franzen apareceu no palco de mochila, numa corridinha, se sentou entre tímido e tenso e mostrou como um escritor pode ser tão desarticulado, e isso não é uma crítica.

A cada pergunta, ficava mudo, depois fazia cara de esforço e não foram poucas as vezes em que pediu para não falar mais a respeito de um assunto. Desviando-se tanto do padrão de respostas, foi capaz de dizer, entre várias piadas, um par de frases brilhantes — teve gente, talvez à espera do padrão de respostas, que começou a sair já no meio da mesa desse que era um dos mais esperados, é para muitos o romancista mais importante de sua geração nos EUA.

Franzen disse que não trouxe seu exemplar de “Liberdade” porque o livro pesa demais, fez uma leitura do trecho em ritmo acelerado, mais tarde confessou que sempre rira dos colegas que escreviam usando narradoras-mulheres, até o dia em que inventou a própria e, por aversão  a Bush, criou um personagem republicano que se estrepa.

Nas histórias de Franzen, famílias são infelizes, como a sua era. O autor perguntou: “mas o que é mesmo a felicidade?” Depois explicou que escritores costumam exagerar sobre a parte ruim de suas vidas. Em 1996, Franzen criticou a cena literária americana; há dois anos, foi capa da “Time”, “Liberdade” aclamado. O mediador, o sempre ótimo Angel Gurria-Quintana, lhe perguntou como se sentia agora como parte do mainstream. Ele disse que não era ninguém antes do livro e continua a assim se sentir (contou que há pouco tempo foi confundido num restaurante com o Stephen King). A certa altura, afirmou que romances entretêm, e não no sentido pejorativo; entreter seria como suspender alguém de sua vida e a levar para outro plano. Admitiu que já pensou mais de uma vez em parar de escrever. Na parte amena da conversa, comentou sobre sua obsessão por passarinhos (acordou às seis da manhã para investigar as espécies em Paraty) e recorreu a uma canção de Jennifer López com que se identifica, uma que diz que no fim somos sempre os mesmos. Perguntas que chegaram da platéia –“são mesmo da platéia?”, suspeitou o autor — o levaram a contar quando  teve o par de óculos roubado na rua e falou sem querer um palavrão numa entrevista à BBC, de Londres. Virou manchete.

Um dos momentos mais fortes, Franzen relembrou sua amizade, entre o amor e a competição, com o também escritor David Foster Wallace, que se matou  em 2008–foi uma das vezes em que pediu para não falar mais. Franzen contou que ficava mal se Wallace escrevia algo muito bom, e vice versa, e se ressentia da quantidade maior de estudos acadêmicos de que o amigo fora objeto, enquanto Wallace botava olho gordo nos seus adiantamentos para escrever mas depois se arrependia, pois adiantamentos não combinariam com ele, Wallace  –“escritores são muito invejosos”, repetia Franzen.

Quando soube que havia muita gente tuitando a conversa, Franzen, que vê com restrição as redes sociais, fez cara de horrorizado. Foi então informado de que a mesa era transmitida ao vivo pela internet. Acenou para a câmera, dizendo “olá”.  No fim, despediu-se como um padre encerra uma missa.

***

Assisti ontem também à mesa do poeta sírio Adonis e o escritor franco-libanês Amin Maalouf. Como a conexão com a internet não está nada boa, o blog vai precisar encerrar por ora mas volta logo.

***

A Flip já colocou no ar trechos de várias das mesas, vá por aqui.

 

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Flip 10: O poeta na rua, Vila-Matas e Zambra, Granta só de brasileiros

Por Joselia Aguiar
06/07/12 11:23

Este senhor aí tem sido muito assediado pelos visitantes de Paraty. A estátua de Drummond, réplica da que está no Rio, fica na entrada da casa da Companhia das Letras, que reedita sua obra. Foi um pouco difícil fazer a foto do poeta só, tive de contar com a boa vontade do povo que estava em fila para posar ao seu lado.

Drummond está em todo lugar. Os versos do poeta homenageado este ano aparecem em projeções ao ar livre, quase sempre onde há grandes paredes e praças. Parei para ler um deles ontem no fim da tarde e escutei alguém por perto que nunca o tinha lido,  alguém mais jovem ou morador da cidade, dizer  “uau” . Juro que escutei “uau”. Imediatamente me lembrei do que disse o poeta e filósofo Antônio Cícero, na mesa de abertura da Flip, sobre como a lógica da competência cada vez mais solapa a possibilidade de versos. O poeta na rua, e mais, o poeta sendo lido na rua, é um milagre, apenas possível numa exceção como essa, uma festa literária. Será que o texto de Cícero está na internet, em algum lugar? Vou tentar descobrir, para indicar aqui.

Escutei também algo como “uau” quando o crítico literário Alcides Villaça, antes da mesa do catalão Enrique Vila-Matas com o chileno Alejandro Zambra, leu versos de Drummond, uma das muitas leituras que fazem parte da programação oficial. Villaça se saiu muito bem, devia fazer mais.

A mesa de Vila-Matas e Zambra era daquele tipo para quem gosta muito de literatura e não precisa se desculpar por conhecer autores e livros, se desculpar por já ter lido algum livro, ainda mais de autor desconhecido.

O tema era bem esse, a história da literatura – coloquei tema em itálico por achar a palavra de fato meio inadequada. Sobre a dificuldade de dizer qual o tema de quê, um aparte, que chega da própria mesa: Vila-Matas se recordou de um episódio com Lobo Antunes, que um dia, ao ser perguntado do que tratava um novo livro, respondeu que o livro era o que estava entre a primeira e a última linha, exatamente aquilo. Ou seja, ele não quis sintetizar numa frase o que lhe custou 300 páginas para dizer, cada uma das linhas era exata e imprescindível.

O repertório de escritores, personagens, obras com que nós, leitores, convivemos: trata-se de uma comunidade atemporal, como sugeriu Zambra, para quem os mortos estão a espreitar os que escrevem.

A história da literatura faz parte da ficção de Vila-Matas e Zambra, e assim a mesa andou. Os dois falaram de Roberto Bolaño, escritor chileno morto que era amigo de Vila-Matas e é influência para nova geração de latino-americanos;  comentaram grandes autores que escreveram no idioma, como Borges, Macedónio Fernandez, Felisberto Hernández, três gigantes; riram de amigos que indicam livros que não leram ou livros de que não gostaram. Numa das muitas vezes que a plateia riu, Vila-Matas disse que escreveu há pouco a resenha de um livro que não havia lido, o novo livro de Pierre Bayard, autor de “Como falar de livros que não lemos”. Zambra, para indicar um livro que nunca leu, recomendou “várias obras completas”.

Granta só com brasileiros – Um ano depois de tanta expectativa, a Granta divulgou ontem à tarde numa grande coletiva os 20 autores brasileiros que integram o primeiro volume dedicado a eles.  Metade dos autores era já razoavelmente esperada. Cinco ou seis nomes se podiam considerar como imprescindíveis, entre aqueles com menos de 40 anos – regra da antologia– que estão em atividade há uma década, por aí. A outra metade não era prevista; não se encontra nos jornais e revistas; não é inédita –outra regra– mas permanece isolada ou discreta em algum lugar do país, escrevendo.

À noite li as primeiras páginas de todos eles, alguns li até o fim. A pergunta que me movia era: para o público de fora do país, o que oferecemos de novo, de algo que não foi escrito, muito menos escrito daquele jeito? Como primeira impressão – apenas primeira impressão–, acho que há ali três ou quatro histórias realmente novas;  outras são bem escritas, o que não é ruim;  uma ou duas delas não me pareceram boas.

O ex-blog foi o primeiro a contar ano passado que haveria uma Granta brasileira. A notícia entrou no ar numa segunda, a coletiva só ocorreria numa quinta, em Paraty.  Existia, claro, a expectativa de que isso pudesse ocorrer um ano antes, depois da publicação da Granta em língua espanhola, mas daí a ter a notícia vai uma grande distância, a mesma entre o boato e o fato, até porque havia grandes e bons argumentos para que a publicação britânica, uma das mais influentes, esperasse outra hora para fazê-la.

O blog pára por ora, para ver mais mesas e conversar com mais gente.

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Flip 10: Lillian Ross, a fitinha do Bomfim e os três pedidos

Por Joselia Aguiar
04/07/12 18:36

A minha primeira Flip, tardia, data de 2006 . Não iria daquela vez, até que, dias antes, fui chamada para substituir alguém que não poderia comparecer na mediação da primeira da série de mesas dedicadas ao homenageado do ano. Jorge Amado.

O que me ligava ao autor na época? Sou baiana, é fato, o que não significa muito, pois nem todo gaúcho é especialista em Erico Verissimo, nem todo pernambucano, em João Cabral ou Manuel Bandeira. As duas razões principais para estar ali eram outras: naquele ano, editava uma revista de livros que fez um número especial sobre o escritor; e estudava um fotógrafo francês que, na Bahia, depois dos anos 1960, era parte de sua grande turma. Uma boa coincidência: eu conhecia e já entrevistara mais de uma vez cada um dos membros da mesa.

A convidada que mais me fazia curiosa na Flip daquele ano era Lillian Ross, uma das pioneiras do chamado new journalism americano. Começou mocinha, com menos de 20, na “New Yorker”, e lá ainda estava, tantas décadas depois, aos 88 anos presumidos (presumidos, pois a certa altura ela deixou de dizer a idade, hoje se supõem datas cruzando textos e fatos, o ano de nascimento vai de 1918 a 1927). Lembro que os jornais usavam a expressão “dama” ou “grande dama”, o que nos induzia a imaginar uma mulher até distante, talvez afetada.

Queria assistir Lillian Ross. Só não imaginava que ia conversar com ela sobre fitinhas do Bomfim.

No dia da abertura, como tradição da festa literária, os convidados participavam de um encontro oferecido por um dos herdeiros da família real, era o almoço do príncipe*. Escolhi a única mesa vazia. Em dez minutos, uma senhorinha com menos de 1m60, cabelos muito curtos cacheados, se sentou ao meu lado, simpaticíssima.

–O que é isso?

–Guaraná, respondi.

–É típico do Brasil, não?

E lá fui eu explicar.

–E isso aqui?

–Fitinhas do Bomfim. Tem de amarrar no pulso e fazer três pedidos.

Continuei a responder pergunta sobre índios, negros, família real e livros. Quando achei que não havia mais nada para Lillian querer saber, ela espiou o anel de quartzo rosa que  usava e tentou descobrir onde se podia encontrar um, estava encantada. Contei que Ana Passos, uma amiga artesã-joalheira, era quem o fazia.

–E ela vive em Paraty?

A maior repórter do mundo é uma mulher pequenina e despojada que quer saber sobre tudo. Nunca conheci alguém com tal capacidade de fazer perguntas, tantas, uma atrás da outra.

Ou melhor, conheci. Uma garotinha de cinco anos que morava no mesmo edifício  quando eu era adolescente. Uma vez, aproveitou que a porta de nossa sala estava aberta, entrou correndo, apareceu de repente no meu quarto com uns óculos coloridos e não parou de perguntar. Eu estudava num livro de biologia. Quando a mãe a resgatou, me esforçava para explicar à menina por que alguns bichos botavam ovo e outros, não. Como chegamos até ali em três minutos?

Achava já Lillian Ross das mais adoráveis quando, um mês depois, não mais que isso, comecei a receber por correio uns pacotes de Nova York. Ela me mandou exemplares de livros seus – “Filme”, que já conhecia, uma biografia de Ernest Hemingway, de quem fora amiga, e um volume autobiográfico desconcertante  –conhecida por sua discrição, decidiu contar coisas de sua vida tão íntima.

Para encerrar o post, a foto que saiu na coluna da Monica Bergamo (!) do dia seguinte: o filho Erik, e Lillian, a menina perguntadeira, que põe a fitinha do Bomfim** e faz seus três pedidos, olhando pra mim.

 

* Vá por aqui para ler na “New Yorker” o texto que Lillian Ross publicou sobre o príncipe brasileiro em setembro de 2006.

**O blog, passadista, adotou a grafia antiga de Bomfim.

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Flip 10: Drummond, um filminho

Por Joselia Aguiar
04/07/12 08:00

Em Paraty, faz um sol enorme às oito desta manhã, depois de uma lua enorme que pasmou quem estava na estrada. O post prometido para ontem está a caminho ainda, a conexão com a internet ainda não permitiu a inclusão da imagem.

Um filminho, por ora, para lembrar o homenageado desta vez, esse cara que nunca sai da minha cabeceira. O doc é curtinho, menos de dez minutos, parte de uma série com escritores realizada por Fernando Sabino e David Neves na década de 1970.


 

A Flip tem reedições, novas antologias e até livro inédito –eu disse, inédito– de Drummond, vá por aqui para ler um texto que publiquei na Bravo! do mês passado e já está aberto na internet. Esse livro inédito dá um post, que um dia prometo escrever, sobre o dia que vi um livro que não podia ter sido visto.

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Flip 10: os eventos da Casa Folha e do Instituto Moreira Salles

Por Joselia Aguiar
02/07/12 19:10

 

Post brevíssimo para deixar duas outras programações para quem vai a Paraty: a da Casa Folha, vá por aqui, e a do Instituto Moreira Salles, vá por aqui.

Amanhã no blog: vou contar sobre minha primeira Flip e a lição da pequena grande dama do jornalismo.

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Flip 10: aviso para quem vai e para quem não vai

Por Joselia Aguiar
01/07/12 15:39

 

Escutei já muita gente dizer que não ia à Flip porque não há mais pousadas ou ingressos __para ver a programação oficial vá por aqui. E, ano a ano, já vi muita gente encontrar quartos e tickets de última hora, mesmo para as mesas mais concorridas. Estando lá, tudo é possível. Até mesmo assistir de fora das tendas, em pé, ao lado do telão. O mais importante: há uma programação tão bacana quanto a oficial, chamada Off Flip, que não costuma esgotar __para vê-la, vá por aqui.

Para quem não vai a Paraty porque não pode ou não quer mesmo, vale lembrar, e é incrível como tem gente que não sabe disso: no site oficial, as mesas são transmitidas uma a uma, integralmente, ao vivo.

Os próximos posts serão sobre a Flip 10.

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