Jorge responde a Clarice o que deve fazer um escritor realizado
07/08/12 22:13
Clarice também entrevistou Jorge Amado –centenário lembrado nesta sexta, dia 10 — quando era repórter entre 1960 e 1970 —vá por aqui para ver seu encontro com Nelson Rodrigues, por aqui, com Mario Cravo, por aqui, com Erico Verissimo.
A conversa, em dois pequenos trechos.
“Você é um homem realizado, Jorge? “Penso que o escritor que um dia se considere realizado, se não for um idiota (e deve ser) tem o dever de deixar de escrever, pois já se realizou.”
Qual de seus personagens é mais de você mesmo? “Todos os personagens têm um pouco do autor, não é assim, Clarice?”
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O laço entre Clarice e Jorge era “o possível entre alguém voltado absolutamente para dentro e outro, absolutamente para fora”, me respondeu um que foi amigo muito próximo dos dois, o crítico e ensaísta Eduardo Portella*, que edita a histórica revista “Tempo Brasileiro” interruptamente há quase meio século, por aqui.
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A foto acima é de 1944, página de “Diretrizes”, a frase do título é da entrevista em que conclama os escritores ditos neutros a se posicionar contra a guerra e o fascismo.
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*Não podia deixar de contar nesse post que o espirituoso Eduardo Portella, quando ministro da Educação na transição do governo militar para civil (1979-1980), disse a seguinte frase sobre a transitoriedade do cargo, frase que se tornou famosa por décadas, virou até jargão de programa humorístico: “Eu não sou ministro, eu estou ministro”. Conta-me Portella que por anos a frase o perseguiu, em todo o lugar escutava gente dizer “eu não sou…., eu estou ….”. Aqui me encarrego de trazê-la de volta.
Oi, estou publicando meu livro Quimera no blog http://quimera1.blogspot.com.br de forma independente.
Para quem gosta de romance, aventura, ação e principalmente de ler. A história de Manuela, uma princesa moderna, que com os restos de seu castelo de areia desmoronado tenta encontrar um novo sentido na vida, às vezes tão cruel…
“__Sim. O chefe da segurança ligou para o seu pai, e ele já está vindo. __Ele ainda me abraçava quando confessou. __Eu não devia ter ficado longe de você em nenhum momento da festa. Eu não me perdoaria se algo de ruim tivesse acontecido com você. __E apenas para mim eu comentei que ele estava certo, se ele não tivesse saído de perto de mim nada disso teria acontecido, ninguém teria morrido. Ou talvez tudo pudesse ser muito pior. E quem estaria morta seria eu. E perdida nesses pensamentos, senti sua mão no meu rosto, e não pude deixar de perceber que sua mão não era tão firme e quente quanto uma que me tocara há poucos instantes. Ela levantou o meu queixo, e antes que eu pudesse mergulhar no oceano daqueles plácidos olhos azuis, senti sua boca contra a minha, e por puro egoísmo, senti minha vida começar, enquanto outra se findava.”
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Agradeço a atenção.
Muito bacana o post, Josélia. No que se refere à produção de cada um, há mesmo uma boa distância entre Clarice e Jorge. De qualquer maneira, ambos são indispensáveis para a nossa literatura. (;
sim, artistas são diferentes e se expressam diferentemente