Clarice responde se Joyce a influenciou
15/06/12 21:14Quando o ano começou, postei no ex blog sobre a primeira entrevista de Clarice que fora encontrada por Vilmar Ledesma e incluída num volume novo, editado pela Azougue.
Desta vez, o pesquisador encontrou uma rara entrevista de 1945, quando a escritora, que publicara até aquela data apenas o primeiro livro, “Perto do Coração Selvagem”, morava em Nápoles na companhia do marido diplomata.
Clarice responde no trecho abaixo se teve influência de James Joyce, autor que é homenageado em todo mundo neste sábado, dia 16.
“Não sei dizer que autores influíram no que escrevi ou na minha formação. Possivelmente me influenciaram mais os motivos dos escritores, mesmo que eu nada soubesse deles, do que seus livros. Cercando a questão mais de perto, eu poderia dizer de fora para dentro, concordando com pessoas que escreveram sobre meu trabalho, que eu tive influência de Proust e Joyce, o que tem como obstáculo material apenas o fato de eu não ter lido Proust e Joyce antes de escrever o primeiro livro. Como para mim não tem tido importância consciente a questão de influência, é-me difícil sair dos meus verdadeiros problemas e analisá-la.”
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O blog está este mês em navegação de cabotagem : posts mais rápidos e curtos.
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Em posts anteriores: vá por aqui, Clarice pergunta a Nelson se é da esquerda ou direita, vá por aqui, Clarice pergunta a Mário sobre ser artista; em outro post mais antigo, por aqui, Clarice pergunta a Érico sobre os críticos.
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O blog escutou hoje cedo uma conversa entre Vilmar Ledesma e Benjamin Moser, biógrafo de Clarice e coordenador de sua nova tradução para o inglês.
O resultado é essa foto abaixo, exemplar autografado por Clarice para a jornalista que a entrevistou em Nápoles. Moser é colecionador de livros brasileiros, em especial os de Clarice, que compra em leilões vários. Ele me diz que costumam ser mais raras as primeiras edições dos primeiros livros de Clarice, sobretudo exemplares autografados.
Para lembrar: no ex blog, postei a edição francesa de “Perto do Coração Selvagem”, com capa de Matisse, que Benjamin Moser tem em sua coleção, vá por aqui.
Thanks and good blog.
Eu não sei não, às vezes suspeito que a Clarice mentia um pouco sobre essa coisa de não ter lido certos autores. Desde o começo ela negava ter lido Proust, Joyce ou Virginia Woolf antes de escrever “Perto do Coração Selvagem”, mas muita gente já encontrou paralelismos desconcertantes entre esse livro e obras dos autores mencionados.
A coleção Encontros da Azougue é nota dez, eu já li Rogério Sganzerla e Eduardo Coutinho. As entrevistas de Sganzerla me deixaram decepcionado, sua obsessão em relação a Glauber Rocha beira a inveja e não dar para botar muita fé num sujeito que afirma que Jimi Hendrix é o maior artista do século, certamente Glauber Rocha citaria Graciliano Ramos.
A Azougue prometeu uma edição com as entrevistas de Ruy Guerra e até agora nada.