Beckett, Perec e Schulz: gênios reeditados, leituras indispensáveis
18/05/12 11:20Tantas obras novas nas lojas, e às vezes a reedição de autores geniais, ou até a primeira edição brasileira de alguns dos seus títulos, passa despercebida.
O post é para lembrar do que importa: chegaram às livrarias nas últimas e nesta semana três títulos de escritores imprescindíveis.
De Samuel Beckett (1906-1989), saiu “Companhia & outros textos”, que traz ao leitor brasileiro pela primeira vez escritos importantes da fase final do autor irlandês, Nobel de Literatura em 1969, consagrado por sua abordagem radical do absurdo da existência. Estão aí a novela “Companhia”, o texto mais longo “Pra frente o pior” e outros mais curtos, “Sobressaltos”, “O caminho”, “Teto” e “Ouvido no escuro I e II”.
Casa editorial que edita esse “Companhia”, a Globo Livros relançou nos últimos anos “Molloy” e “O inominável”. Chegaram pela Cosac Naify “Esperando Godot”, “Dias felizes”, “Fim de Partida”,”Primeiro amor” e “Proust”. Beckett escreveu peças, novelas, poesia, textos híbridos que combinam vários gêneros. Acabei de rever a lista de suas obras: lemos os títulos mais famosos, há muito mais que não conhecemos ainda por tradução brasileira.
“Vida, modo de usar”, obra-prima do inventivo Georges Perec (1936-1982), teve edição por aqui em 1991. Esgotado fazia um tempinho, custava pequena fortuna nos sebos. Demorou um tanto, duas décadas, e agora já temos edição de bolso do título, que saiu em 2010.
Pouco depois veio “A Arte e a maneira de abordar seu chefe para pedir um aumento” –não se engane com o título, leitor, é um bem-humorado livro de anti-ajuda– e agora esse delicioso “As coisas”, que acaba de sair, sobre os jovens da França da década de 1960. A obra escrita foi quando era ainda estreante o autor francês, filho de judeus poloneses, morto prematuramente. As três obras têm edição da Companhia das Letras.
Beckett é nome conhecido, mesmo para quem não o leu ou viu peça encenada; Perec é cultuado por leitores que leem assiduamente. Bruno Schulz (1892-1942), também imperdível, é muita vez desconhecido mesmo entre os assíduos.
Sua Ficção completa chega esta semana pela Cosac Naify. Em volume único, reúnem-se os de contos “Lojas de canela” e “Sanatório” –esgotados fazia tempo no Brasil–, outros quatro contos inéditos em português e onze ilustrações do autor, que produzia também como pintor e professor de arte. Judeu polonês morto por um oficial nazista, escreveu um romance que se perdeu. Por décadas, gente tem se esforçado para localizar obras suas extraviadas durante a guerra.
A edição inclui trechos sobre Schulz do diário do amigo Witold Gombrowicz, escritor também polonês que se exilou na Argentina –títulos de Gombrowicz têm sido publicados pela Companhia das Letras.
ATUALIZAÇÃO às 20h45 de 21/5 – Leitor me corrige – os livros do Schulz que saíram aqui pela Imago não estão esgotados. Concluo então que, marotamente, Ferreirinha cobrava uma fortuna no sebo por obras em catálogo!
Oi Josélia !
Li recentemente um artigo sobre Schulz na revista Serrote. Autor não muito conhecido no Brasil, mas que parece estar sendo resgatado.
Antes que me esqueça, estou aguardando seus textos sobre crônicas de viagem. Se eu não me engano é tua promessa de início de ano.
Abraço
Tobias
Tobias, você tem boa memória. Foi promessa do antigo blog, naqueles dias até criei uma etiqueta, “História Etc”.
Preciso concluir um projeto dentro de algumas semanas, por isso várias ideias permanecem congeladas. Assim que terminar o que preciso, o blog vai ter mais coisas. Obrigada pela visita, apareça.
As obras de Perec foram publicadas nas traduções antigas, ou foram traduzidas de novo?
pelo que sei, o “Vida, modo de usar” é reedição; os outros dois são novos. obrigada pela visita 🙂