Três livros para maio: os novos de Jeffrey Eugenides, Michel Houllebecq e António Lobo Antunes
03/05/12 22:00Chegam agora às livrarias novos e esperadíssimos romances do americano Jeffrey Eugenides***, do francês Michel Houllebecq e do português António Lobo Antunes. O de Lobo Antunes já está nas lojas, os de Eugenides e Houllebecq, a partir da semana que vem.
Do grande público, Jeffrey Eugenides (1960) é mais conhecido por sua obra de estréia, “Virgens Suicidas” (1993), adaptada para o cinema por Sofia Coppola. A crítica a recebeu bem e também aprovou a seguinte, “Middlesex”, publicada uma década depois –lhe rendeu o Pulitzer, um dos prêmios-referência da ficção americana.
“A Trama do Casamento”, que sai pela Companhia das Letras, é seu terceiro livro, de 2011, quase outra década depois, sobre o amor e a geração desencatada dos anos 1980.
Opiniões se dividem – há quem diga que este é melhor que “Liberdade”, de Jonathan Franzen, festejado em 2010. Gosto mais de “Liberdade”, mas gostei desse também, embora, do mesmo time de novos ficcionistas americanos, goste menos de Eugenides e mais de David Foster Wallace (este post aqui no blog), que aliás Eugenides homenageia no novo livro, na opinião de alguns críticos e leitores –na Ilustrada desta sexta, vá por aqui se for assinante, o autor diz em entrevista ao colega Fabio Victor que o tal personagem, apesar das semelhanças, não é inspirado em Wallace.
Não é uma autobiografia, mas é uma autobiografia. “Sôbolos Rios que Vão”, que sai pela Objetiva, é o romance que António Lobo Antunes (1942), um dos principais nomes da literatura portuguesa do século 20, escreveu depois de um câncer em 2007.
Seu protagonista é ora chamado Antoninho, ora Senhor Antunes, passa pela mesma doença e se recorda de sua vida até ali: da infância, os avós e a menina que não correspondeu a seu amor, à expectativa da morte. Comecei a ler hoje, e já gosto.
O título vem de um verso de Camões. É sua vigésima-segunda obra, e diz Lobo Antunes: “sou cruelmente consciente de que o tempo é escasso. Será que tenho tempo para escrever o que quero escrever? Estou a negociar os livros com a morte.”
Encontrei Lobo Antunes por acaso em Lisboa ano passado, vá por aqui se quiser ler o diálogo aniquilador.
Michel Houellebecq (nascido em 1956 ou 1958, há controvérsias) levou o Goncourt por este “O Mapa e o Território”, que, bastante esperado, é publicado agora pela Record. O livro é ao mesmo tempo uma crítica ao mercado de arte, à mídia e às novas tecnologias.
Com a obra de Houellebecq, escritor francês apreciado por crítica e leitores há mais de uma década, nunca simpatizei muito, porque sou mais um daqueles seus detratores que o acusam de racismo e misoginia. Não, não estou confundindo narrador com autor, eu sei bem o que quero dizer.
Reconheço, porém, que o cara tem seus admiradores, que, por sua vez, têm seus bons argumentos para defendê-lo, como defendem bastante bem “Partículas Elementares” e “Plataforma”, seus títulos mais conhecidos.
Gente cuja opinião eu respeito bastante leu e aprovou. Experimente, leitor!
(Ano passado, o autor desapareceu por uns dias, e não foi a um festival europeu onde era esperado, depois disse que esqueceu que precisava ter ido, mais uma de suas polêmicas que rendeu na imprensa: para quem não se lembra, vá por aqui)
***ATUALIZAÇÃO às 10h40 de 04/05 – Jeffrey Eugenides não vem para a Flip, diferentemente do que postei ontem à noite. Confusão do blog. Quem está confirmado é Jonathan Franzen.
Ficaria muito feliz se algumas dicas de”Casos de Suce$$o no Mercado de Acões “aparecessem em sua coluna,da qual,sou leitor regular.E tenho um bom motivo para tanto :sou um dos autores.
“Sôbolos Rios que Vão” – TÃO antiguinho.
Você se esqueceu de um lançamento! RSRSRS
do meu livro (ainda vai sair)
abraço, Felipe –
antiguinho, como assim? você leu há dois anos, isso? Você mora no Brasil? Felipe, não sei qual é seu livro…
António Lobo Antunes*
Tantas vozes,tantas vozes
intertecendo-se,intertecendo-se.
As vozes tecendo a memória,
a memória tecendo as vozes.
A poesia tecendo a prosa
feito aranha a tecer a teia.
A baba da poesia feito saliva
da aranha,
condensando na corrente
da língua
o tartamudeio,
a pausa sofreada da emersão
e do mergulho.
Na fluidez do rio,os sorvedouros
onde aflora e rodopia e afunda
a memória.
*Poema extraído de Macedo,Maurício de.”Lume”.Rio de Janeiro,ed.7Letras,2011
Prezada Josélia,
Procure conhecer “Para onde vamos? Uma abordagem moral para a crise do meio ambiente”. Tenho certeza que vai amar.
O livro está disponível nos sites da Livraria Cultura e da Livraria da Folha.
Abraço,
Eduardo Gonçalves
Que grande notícia, eu adoro As virgens suicidas, tanto o livro quanto o filme!
Marcia, o novo livro está sendo muito bem-recebido
Houellebecq tbm não me convenceu, mas deve-se considerar que “A Possibilidade de uma Ilha” inspirou ninguém menos que Iggy Pop a gravar um disco espetacular, que é o Preliminaires.
Iggy Pop anda numa má fase, não? 🙂