Quem não levou o Pulitzer em 2012. E quanto perdeu.
20/04/12 14:27A polêmica numa premiação é muitas vezes mais favorável comercialmente do que um resultado sereno, por unanimidade, me explicou James English, autor do ainda não traduzido “The Economy of Prestige – Prizes, Awards and the Circulation of Cultural Value (Harvard University Press), quando lhe procurei tempos atrás para um texto sobre prêmios literários publicado pela Folha em fins de 2010 (vá por aqui, até o site do Observatório da Imprensa, onde pode encontrar a íntegra).
Podia lembrar dos muitos episódios em que uma grande obra deixou de vencer e só depois se constatou o equívoco do júri, citar agraciados que recusaram premiações e obtiveram ainda mais atenção com o gesto, reverenciar autores que morreram sem levar um Nobel merecido.
A notícia mais polêmica no circuito literário na última semana, porém, é diferente de tudo isso: o Pulitzer, o mais importante no mercado americano, deixou de escolher o vencedor para uma das categorias centrais, a de ficção. Não é a primeira vez que isso ocorre na história do prêmio –existe desde 1917! –, mas a última tem 35 anos.
Para não decidir, o júri proclamou ausência de maioria. Gente ouvida por jornais e sites, como neste texto aqui, do “New York Times”, acredita que os concorrentes eram por demais heterodoxos.
Eram eles:“The Pale King”, obra inacabada de David Foster Wallace (tratei do autor neste post aqui), “Swamplandia”, livro de estreia de Karen Russell que foi finalista de outros prêmios importantes, “Train Dreams”, de Denis Johnson, publicado antes numa edição da “Paris Review”.
Quem estava no júri –é fundamental saber sempre quem escolhe: Michael Cunningham, conhecido por aqui por seu “As Horas”, que levou um Pulitzer e virou filme; Susan Larson, uma editora, e Maureen Corrigan, um crítico.
Um não-resultado ajuda comercialmente? Não há na obra de English estatísticas relativas a situações esdrúxulas como essa, mas num texto bacana que li hoje na americana “Publisher´s Weekly”, referência da indústria do livro, encontrei uma conta que mostra como o Pulitzer ajuda a alavancar vendas.
Um dos casos estudados é o de “A Visita Cruel do Tempo”, de Jennifer Egan, vencedora do Pulitzer ano passado e convidada da próxima Flip.
Pelas contas feitas, o número de exemplares comprados numa semana triplica após o prêmio, e esse ritmo acelerado de vendas se mantém por pelo menos três meses —vá por aqui para chegar até a íntegra do texto da “Publisher´s Weekly”.
Esse é o hall do Pulitzer, imagem que pesquei no site da Columbia University, administradora do prêmio.
O povo da “Paris Review” não tem dúvida de quem devia ganhar: vá por aqui.
ATUALIZAÇÃO às 11h de 21/04 – O colega Fábio Victor ouviu dois dos três jurados em texto da Ilustrada de hoje, vá por aqui para encontrar, já disponível para não assinantes.
Antes de nova rodada de entrevistas e textos maiores, o blog terá nos próximos dias vários pequenos posts.
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Nesse caso, quem ganha mesmo é o próprio Pultzer, que reafirma sua reputação. Não acha?
Gilson, não sei dizer. O que acho, mesmo, é que é meio doido dizer que a ficção (seja lá qual for, de onde for) está em crise porque um prêmio deixou de premiar. Acho mais lúcido dizer que o que está em crise é o prêmio (seu regulamento, seu funcionamento).