O museu de Orhan Pamuk, o livro de Vargas Llosa contra a internet, um documentário sobre Haruki Murakami
15/04/12 19:49O Museu da Inocência (que você vê na imagem acima) abre as portas em Istambul dentro de quinze dias, leio aqui em texto longo e divertido no “Financial Times” deste fim-de-semana.
Para quem não se lembra: o dono da ideia é Orhan Pamuk, que tem um livro de mesmo título, seu oitavo romance, publicado logo depois do Nobel de 2006. Kemal, o protagonista, faz um relicário em memória de um amor perdido. Saído da ficção, o tal museu de Kemal-Pamuk torna-se endereço na sua cidade natal, a capital da Turquia, no dia 27 —aqui, no antigo blog, a íntegra da conversa que tive com o autor em dezembro passado, quando saiu “O romancista ingênuo e o sentimental”, que trata da arte do romance. Livros que recomendo muitíssimo, tanto “O Museu da Inocência” quanto esse de ensaios.
Costumava reservar algum espaço na coluna e no blog ano passado para as principais histórias de escritores e editoras que lia durante a semana, dispensando coisa exclusivíssima porém irrelevante ou torta. Sei que só uma ou duas dezenas acompanham esses links o tempo inteiro, e nessas talvez duas dezenas não está o leitor comum. Vou voltar a fazer isso aqui.
Uma rápida retrospectiva das últimas semanas começa com os dois assuntos mais rumorosos, rumorosos por motivos diferentes.
Pottermore, o site interativo gigante da escocesa J.K. Rowling, começou a funcionar ontem para todo mundo e surpresa geral, depois de tantos adiamentos (a estreia seria em outubro) e sem ter sido outra vez anunciado — aqui, no “Guardian”, a notícia de ontem, e aqui, na “Slate”, notícia de dias atrás, sobre as vendas de ebooks da série Harry Potter no site, em uma investida que alterou as regras do mercado. Na espera pelo Pottermore, o leitor foi surpreendido há dois meses pelo anúncio de que Rowling começou a escrever um livro para adultos. Sobre título e enredo, encontre novas notícias aqui, no “Guardian” da última quinta.
Barulho também causou o poema –poemas ainda causam barulho– que o alemão Gunter Grass, outro Nobel, publicou em defesa do Irã, dizendo que a grande ameaça ao mundo hoje é o Estado de Israel _vá por aqui para ler no “New York Times”, por aqui no “El País” e por aqui no “Guardian”. Na repercussão, foi inevitável lembrar de sua participação na juventude nazista (não por ideologia, defende-se Grass, mas por obrigação), o que torna ainda mais eloquente o episódio. Já deu tempo de Grass responder, por aqui a versão em espanhol no “El País” da última quarta. Para assinantes da Folha ou do UOL, vá por aqui para chegar até o texto que saiu sobre o caso em “Mundo”.
Dois livros recém-publicados lá fora que vale registrar:
“La civilización del espectáculo” (a civilização do espetáculo) é o prometido ensaio em que Mario Vargas Llosa ataca a internet. Quem leu ou escutou nos últimos meses o peruano, outro Nobel de Literatura, já pode imaginar o teor. A obra acaba de sair pela Alfaguara na Espanha _vá por aqui, para ler o prólogo no “El País”, e por aqui, para ler a repercussão no “El Universal”.
“Basic Training” (treinamento básico), inédito do americano e já falecido Kurt Vonnegut, escrito quando era funcionário da General Electric na década de 1940, acaba de sair e alcançar o primeiro lugar entre os ebooks mais vendidos nos EUA _vá por aqui, para ler no “Guardian”. De tão curiosa, já baixei no Kindle.
A obra do nigeriano Wole Soyinka, primeiro autor negro da África a se tornar Nobel, chega enfim ao Brasil: por aqui, texto que já está disponível na internet escrito pela colega Alexandra Moraes, na Ilustrada ontem.
Salman Rushdie, britânico originário da Índia, vai escrever um livro de memórias. Assinará com o pseudônimo adotado na época em que era ameaçado por facções islâmicas depois de publicar seus “Versos Satânicos”: por aqui, texto disponível na Folha.com.
Obituário que quis há tempos recomendar: o de Barney Rosset, o grande e corajoso editor da Grove Press, morto aos 89, aqui no “NYT”.
Este documentário sobre o japonês Haruki Murakami, que deixo no pé do post, encontrei via twitter de Carlos H. Schroeder, @xroeder, onde aliás há sempre ótimos links diários.
O doc está em inglês, mas é um inglês bem fácil, tente, mesmo que ainda não tenha fluência.
Josélia,
Ótimo vídeo sobre o Murakami. Depois que o assisti, descobri que há mais vídeos do BBC Imagine (http://www.bbc.co.uk/programmes/b007ght1/episodes/guide) no YouTube, como este aqui sobre o Tolstói: http://www.youtube.com/watch?v=jWCi5vLZt7o (parte 1) e http://www.youtube.com/watch?v=uCda4T6OjDQ (parte 2)
Fernando, ótimas dicas 🙂
Sinto falta dessa cobertura internacional de livros e a discussão sobre o mundo digital. Temos uma overdose diária de informação e nem sempre conseguimos acompanhar tudo. Ótimo que pessoas como você façam uma varredura e aponte coisas legais. Parabéns.
que bom que gostou, Gilson
Ler o prólogo do livro A civilização do espetáculo, de Vargas Llosa, foi um alívio para o meu pensamento e alma.
Obrigada Josélia Aguiar pela oportunidade oferecida.
Abraço, Gilce
Gilce, faz tempo ele diz coisas assim em conferências e entrevistas.
Sim, sei, acompanho os escritos de Llosa há muitos anos.
Mas se formos tomar como medida, a questão de tempo, como você diz, as notícias de besterol são diariamente repetidas e descartáveis.
Então penso ser um ganho quando se reforçam notícias de formação cultural.
E está é faltando, não só espaço, quanto tempo, pois o livro ainda nem foi lançado.
e espero que os ardorosos defensores da internet evitem o sectarismo e tentem ao menos ver o que pode existir de importante no debate que Llosa sugere (porque tudo pode ser debatido, menos a internet, pelo visto!).
Primeira vez que entro nesse blog e já me impressionei! Falou apenas dos meus autores favoritos! Quero ler logo esse Vonnegut inédito!
Matheus, isso dá uma trabalheira (ler tudo e selecionar), mas acho que vale a pena. Apareça!