Barsa, novos selos, classe C
16/03/12 17:35Tão logo a Enciclopédia Britânica anunciara o fim de suas edições em papel, a Barsa se apressou em avisar que nada muda em países como o Brasil, onde espera que as vendas continuem a crescer. Sai mês que vem, aliás, a nova edição impressa, com 18 volumes e 135 mil verbetes.
Perguntei à Barsa qual a expectativa de expansão no mercado brasileiro e quem é seu principal público. As respostas são de Sandra Cabral, diretora de treinamento e marketing: por aqui, acreditam que vão manter os 10% ao ano –o percentual em 2011, quando foram vendidas 70 mil coleções. Os grandes compradores estão na classe C; são pais preocupados com a educação dos filhos. 50% desse público está concentrado nas regiões Norte e Nordeste, os outros 50%, nas demais regiões. A maioria das vendas, 70%, ocorre pelo modelo de porta a porta.
Essa notícia me lembrou o que disse no fim do ano passado John Makinson (texto que fiz na Folha, para assinantes), CEO da Penguin, quando da aquisição de 45% da Companhia das Letras: os leitores daqui são não só potenciais consumidores de livros digitais; ainda seremos grandes consumidores de impressos.
A semana que termina é prolífica em bons anúncios das casas editoriais, uma aposta de avanço do setor: a Companhia das Letras divulgou quatro novos selos, mais populares (no blog da editora) esta manhã; o grupo Leya criou um só para fantasia; ontem, a PubliFolha apresentou o Três Estrelas, para ampliar a presença no segmento de não ficção; a Globo Livros avisa que em breve terá novos selos para divulgar (todas notícias no Publishnews).
Sobre leitores, Classe C e porta a porta: prometo longo e atrasado post nos próximos dias.
É uma notícia maravilhosa! Nada substitui a obra impressa! A Barsa ajudou a mudar a vida de muitas pessoas no NE, eu incluso. A decisão da Britânica foi fuzilada nos EUA. Eles vão acabar voltando atrás.
Rafael, o que gosto mais da notícia é menos o fato de ser enciclopédia em papel, e sim o de que há gente com condição de vida que lhe permite agora comprar enciclopédia.
Fiquei triste quando meu filho aos 12 me pediu uma Barsa.Foi na Feira do Livro em Ribeirão Preto há quatro anos.Tentei convencê-lo que com a Internet teria um mundo de informações mais amplo,,,porém me surpreendi quando me respondeu que o prazer de ter nas mãos,ler e guardar era indescritível….Hoje ele escreve e envia seus escritos para jornais e blogs,é Presidente do Grêmio Estudantil da escola onde estuda,é assessor de um vereador,,,enfim é um aprendiz da vida….mas não esqueceu da Barsa,,,e eu ainda não consegui comprar….
sucesso para seu filho, Yara
Sinceramente, não sei avaliar a notícia como boa ou ruim.
Por um lado, estamos adquirindo um produto defasado, em extinção em outros países. Enquanto eles estão na era da revolução digital, ainda estamos dependentes do papel.
Por outro lado, apesar de tudo, mostra uma preocupação crescente do brasileiro com a leitura, que deve ser estimulada.
Paulo, é só pensar quantos leitores eles já têm e quantos não temos ainda. Não diga que o produto é defasado. Não é o mesmo raciocínio.
O que está escrito não é diferente. Não é um eletrodoméstico ou um carro, cujo novo modelo é de fato diferente.
O que penso é que agora, na marra, vamos virar país de leitores. O meu otimismo até me assombra.
Olá, Josélia,
Tenho uma edição antiga da Barsa – e dela não abro mão, embora já tenha cogitado vendê-la a um sebo.
Materialista que sou, é muito bom saber que ainda seremos grandes consumidores de obras impressas. Provavelmente levará muito tempo até que o livro de papel se extinga, se é que isso de fato um dia vai ocorrer. Caso se concretize, fico pensando que o prazer de se sentir dono de uma primeira edição há de desaparecer, não? Ao menos teremos os sebos, futuros “antiquários de livros”.
Bruno, você me lembrou de duas coisas. Na minha infância, e até hoje na casa dos meus pais, há uma Delta Larousse, edição de 1977. Passei muitos anos da minha vida com ela. Escolhia um volume e lia página por página. Estudava principalmente os verbetes dedicados aos países. A outra coisa que me fez me lembrar: quando tenho de entrevistar um antiquário, pergunto se acha que os negócios têm crescido, se vâo crescer com o livro digital. Sempre acho que sim.
Nossa, não imaginava a quantidade de vendas da Barsa.. Mas bom saber. Quanto aos novos selos, acredito que eles só vêm acrescentar ao mercado editorial brasileiro. Uma dúvida: o selo “Má Companhia”, da Cia, foi extinto?
Francisco, acho que não! Anunciaram novos, não creio que haverá cancelamentos.